Tive recentemente a oportunidade de passar uma semana e meia ao volante do Tesla Model 3 Long Range com tração traseira (RWD), numa experiência que se revelou não só esclarecedora, mas também surpreendentemente tranquila. Durante este período, fiz maioritariamente viagens em autoestrada, o que me permitiu avaliar de forma bastante realista aquilo que mais importa num elétrico desta gama: a autonomia, o conforto em estrada e, claro, a experiência global de condução.
Se há coisa que todos os condutores de elétricos sabem é que a autonomia é uma preocupação constante. Onde carregar, quando carregar, quanto tempo demora — são dúvidas que, volta e meia, surgem mesmo nos melhores cenários. Mas o que senti com este Model 3 Long Range RWD foi algo diferente: uma espécie de alívio. Um alívio por perceber que podia finalmente deixar de olhar para o indicador de bateria com ansiedade. A Tesla conseguiu mesmo criar um modelo pensado para nos fazer esquecer que estamos num carro elétrico… no melhor sentido possível.
Autonomia sem stress? Sim, é possível.
Logo nos primeiros dias, percebi que este modelo foi feito com um objetivo muito claro: garantir mais quilómetros por carga, sem comprometer a experiência de condução. Equipado com uma bateria de 78.1 kWh e jantes de 18 polegadas — que ajudam significativamente na eficiência —, o Model 3 Long Range RWD revelou-se um verdadeiro campeão de autonomia.
Durante os trajetos em autoestrada, mantive uma velocidade média entre os 110 e os 120 km/h. Nestes percursos, o consumo médio rondou os 13.5 kWh por cada 100 km. Um valor muito bom, especialmente tendo em conta que as condições foram bem próximas daquilo que será o uso real para a maioria dos condutores. Em cidade, onde o tráfego e as velocidades mais baixas jogam a favor do consumo, consegui ainda melhores resultados — chegámos aos 11.8 kWh/100 km sem esforço.
O mais impressionante é a consistência: os valores de autonomia indicados pelo carro não só são realistas como raramente falham. Esta precisão transmite uma confiança tremenda ao condutor. Não tive que fazer contas de cabeça ou depender de apps externas — o próprio sistema da Tesla fez o trabalho por mim. E isso, no dia a dia, faz toda a diferença.
Conforto acima de tudo
Quem conhece o Model 3 Performance sabe que a Tesla já acertou em cheio na qualidade de construção, no design interior minimalista e na experiência digital envolvente. Neste Model 3 Long Range RWD, essas qualidades mantêm-se praticamente inalteradas — o que é uma excelente notícia.
O que muda é o espírito com que se conduz este carro. A suspensão é claramente mais suave, mais tolerante às imperfeições do asfalto, tornando as longas viagens em autoestrada muito mais confortáveis. A condução, por sua vez, é mais descontraída e fluída, sem aquela rigidez e aceleração explosiva do Performance. Aqui, o objetivo não é arrancar suspiros com cada toque no acelerador, mas sim garantir uma condução equilibrada, confortável e eficiente. E fá-lo com mestria.
Essa suavidade sente-se em todos os pormenores: desde o isolamento acústico, que está muito bem conseguido, até à gestão da regeneração de energia, que aqui é mais suave e previsível — ideal para quem valoriza uma experiência de condução relaxante.
Interior futurista e funcional
O habitáculo mantém a mesma abordagem minimalista que já se tornou imagem de marca da Tesla. Tudo gira em torno do ecrã central de 15 polegadas, que continua a ser um dos mais rápidos e intuitivos do mercado. A ausência de botões físicos pode causar estranheza a alguns no início, mas rapidamente nos habituamos à lógica do sistema.
A qualidade dos materiais está ao nível do que já esperávamos de um Model 3. Bancos confortáveis, bons ajustes elétricos, ar condicionado eficiente, e espaço suficiente para quatro adultos viajarem confortavelmente. A bagageira é generosa, com um fundo duplo que se revela útil em viagens mais longas.
A conectividade também está lá: suporte para Spotify, YouTube, navegação com informações de trânsito em tempo real, modo sentinela e, claro, o famoso Autopilot, que continua a ser uma das tecnologias de condução assistida mais avançadas do mercado — mesmo na sua versão básica.
Um concorrente de peso
Com este Long Range RWD, a Tesla oferece uma proposta muito sólida para quem procura um carro elétrico com excelente autonomia, conforto e um ecossistema digital bem desenvolvido. É um modelo que encaixa na perfeição tanto no uso diário como em longas deslocações.
Num mercado onde a concorrência tem vindo a crescer com propostas interessantes — como o Hyundai Ioniq 6, o BMW i4 e o Polestar 2 —, a Tesla mantém a sua vantagem onde ela mais importa: eficiência, rede de carregamento (com os Superchargers a manterem-se como referência), e uma gestão energética de fazer inveja a muitos.
Mais do que números ou especificações, o que este Model 3 me provou foi que é possível conduzir um elétrico de forma despreocupada, sem stress constante com a autonomia e sem comprometer o conforto ou o prazer de condução. É, na essência, um carro que nos permite aproveitar a estrada, não pensar apenas na bateria.
Conclusão
O Tesla Model 3 Long Range RWD é, sem dúvida, um dos melhores exemplos de como a mobilidade elétrica pode ser prática, confortável e eficiente. Durante o tempo que o tive comigo, deixou de ser apenas um carro de teste para se tornar um verdadeiro companheiro de viagem. Um carro que não nos obriga a mudar os nossos hábitos, mas sim a repensar o que esperamos de um automóvel elétrico.
Se estás à procura de um elétrico que faça muitos quilómetros por carga, que ofereça uma condução suave e que te liberte da ansiedade da autonomia, este Model 3 pode muito bem ser a escolha certa. A Tesla continua a mostrar que está um passo à frente — e neste caso, esse passo é feito com serenidade e inteligência.
